CRÍTICA: Um Olhar no Paraíso (The Lovely Bones)

Peter Jackson não tem medo das histórias difíceis de contar no cinema. É ousado, mas nem sempre acerta. Fez da trilogia O Senhor dos Anéis uma obraprima do cinema recente, mas errou feio ao refilmar King Kong, em 2005.

Um Olhar do Paraíso (péssima tradução para The Lovely Bones, “os restos angelicais” do título original) é baseado no livro de Alice Sebold, Uma Vida Interrompida – Lembranças de um Anjo Assassinado. É ambientado em dezembro de 1973, quando a menina Susie Salmon, de 14 anos, voltava da escola para casa e foi assassinada. Depois de morta, Susie continua a velar por sua família – enquanto seu assassino permanece solto. Presa em um extraordinário, ainda que misterioso, espaço entre a Terra e o Céu a menina descobre que precisa escolher entre a busca por vingança e o desejo de ver seus amados seguirem em frente.

Com um elenco que mescla ótimas atuações (Saoirse Ronan e Stanley Tucci, indicado ao Oscar de coadjuvante) e personagens desconexos (Susan Sarandon e Rachel Weisz, surpreendentemente apagadas), o filme faz poesia em torno da morte, de maneira esteticamente brilhante. Injustamente de fora do Oscar, a direção de arte equilibra uma ótima reconstrução da década de 70, especialmente do interior das casas, com uma variedade incrível de belas imagens do que seria o paraíso para a menina recém-assassinada.

Em sua primeira metade, Um Olhar do Paraíso é uma obra dramática maravilhosa, mas quando entra na questão da investigação do crime, tudo desanda. Ambos os estilos não são bem dosados, deixando o ritmo instável. Até uma sequência engraçadinha, sobre a reabilitação da família é incluída. Desnecessária e sem a menor graça num contexto tão trágico.

Além da falta de sintonia entre as cenas poéticas e da investigação, é jogado, a todo momento, conceitos piegas de vida após a morte, quase um “manual de contraindicações espíritas”: o que fazer (ou não) para deixar o espírito do seu morto descansar em paz?

Com Um Olhar do Paraíso, o diretor Peter Jackson se deixa influenciar pela própria obra, misturando a beleza dos cenários de sua trilogia dos aneis com os enquadramentos e o clima de thriller trash de Fome Animal. O resultado é um descompasso total, um erro infeliz. Dá dó ver uma ideia com tanto potencial ser desperdiçada assim.

Trailer:



Cenas do filme:




Horários:
Box Guararapes (Legendado)
15h20, 18h10, 21h05

Multiplex Boa Vista (Legendado)
15h10, 18h, 20h50

UCI Kinoplex Plaza (Legendado)
14h40, 17h25, 20h10, 22h50

UCI Ribeiro Recife (Legendado)
15h15, 18h, 20h50, 23h35

UCI Ribeiro Tacaruna (Legendado)
15h, 17h50, 20h40, 23h35

Por Fred Burle (Fred Burle no Cinema)
Fotos: Divulgação
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1 comentários:

  1. Enahjer says

    O filme eh lindo.Perfeito. Vale a pena assistir.


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