Crítica de cinema: "Delírios" de Tom Dicillo

Pra quem ficou curioso, "Delírios" é uma história como todo conto de fadas deveria ser escrito. Engana-se quem olha para este gênero esperando algo infantil, inofensivo e raso. Contos de fada sempre carregaram mensagens metafóricas, paradigmas e reflexões acerca das relações entre o homem e o mundo. O problema é que para se contar histórias às crianças, há que simplificá-las, pelo fato das mesmas não possuírem bagagem de vida suficiente para absorver o real conteúdo dessas histórias. E aqui, ela é contada com foco no mundo das celebridades, flashes e desejos, assunto tão sedutor que encontra-se no seu ápice, ditando tendências e moldando o comportamento do homem moderno.
Pois bem, neste filme temos Les, um paparazzi de ponta de esquina que poderia ser comparado a um advogado de porta de cadeia. Interpretado pelo ótimo Steve Buscemi, Les é a tradução do homem frustrado e confuso que encontramos nos centros urbanos ao nosso redor. Invejoso, egoísta e ambicioso, ele cruzará o caminho de Toby, um jovem sem teto e sem perspectivas interpretado magistralmente pelo subestimado Michael Pitt. (que não, não tem parentesco algum com o Brad.)
Tanto Les quanto Toby vivem num mundo à parte e a amizade que desenvolvem os acorda pouco a pouco para a realidade, onde o diretor faz questão de expor com uma boa dose de cinismo a relação entre seus personagens e a fama, o reconhecimento, suas metas e a realização profissional e pessoal. Ninguém nesta história é inocente e no fundo sabem disso. Mas dançam conforme a música, mostrando assim as engrenagens, sujeiras e vazios existenciais e financeiros desta máquina que é a indústria de celebridades.
Ah, claro. Não poderia faltar o amor. Ele também aparece, mas não da maneira açucarada e rosa a qual estamos acostumados nas películas hollywoodianas. O objeto do afeto de Toby é a cantora Pop Kharma, interpretada pela atriz Alison Lohman, convincente como uma princesa teen tão desorientada quanto as colegas da vida real que volta e meia visitam os tablóides.
Tanto Les quanto Toby vivem num mundo à parte e a amizade que desenvolvem os acorda pouco a pouco para a realidade, onde o diretor faz questão de expor com uma boa dose de cinismo a relação entre seus personagens e a fama, o reconhecimento, suas metas e a realização profissional e pessoal. Ninguém nesta história é inocente e no fundo sabem disso. Mas dançam conforme a música, mostrando assim as engrenagens, sujeiras e vazios existenciais e financeiros desta máquina que é a indústria de celebridades.
Ah, claro. Não poderia faltar o amor. Ele também aparece, mas não da maneira açucarada e rosa a qual estamos acostumados nas películas hollywoodianas. O objeto do afeto de Toby é a cantora Pop Kharma, interpretada pela atriz Alison Lohman, convincente como uma princesa teen tão desorientada quanto as colegas da vida real que volta e meia visitam os tablóides.
Como você pode ver, são temas simples que estão presentes na vida de todo mundo, o que poderia ser um risco: como falar de coisas tão simples e presentes, mas ao mesmo tempo tão fascinantes, sem cair no piegas?
Simples: Junte um roteiro bem amarrado, com reviravoltas que te fazem não sair da cadeira até o filme terminar, um humor inteligente, bons atores com interpretações honestas, boa trilha sonora e pronto! Claro que isso não é fácil de conseguir num filme só. O diretor tem que ter feeling pra juntar tudo isso e o Tom DiCillo é um ótimo contador de histórias. Exibido sem muito alarde nas sessões de arte, este filme teve um lançamento modesto em DVD e é do tipo que se você tiver a chance de comprar uma cópia, faça isso assim que o ver. São poucos os filmes que são dignos de se ter em uma videoteca, e "Delírios" é um deles. Mais do que um filme, ele é uma crônica honesta e bem feita sobre o culto à celebridade, indústria cultural e as aspirações que ela imprime por osmose no homem moderno.
Assista para refletir.
Assista para refletir.
DELÍRIOS (Delirious, EUA, 2006) Direção: Tom DiCillo Roteiro: Tom DiCillo Elenco: Steve Buscemi, Michael Pitt, Alison Lohman, Gina Gershon Duração: 107 min
Por Juliano Mendes da Hora
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