Coletiva de Imprensa – A Mulher Invisível (Entrevista Luana Piovani)


Luana Piovani, começou a carreira de atriz em 1993, na minissérie “Sex Appeal”, da Rede Globo. Nos anos seguintes, participou de diversas novelas, séries e programas especiais da emissora. Também foi modelo e apresentadora e debatedora do programa “Saia Justa”, do GNT. Em 1999, passou a produzir peças teatrais, com o espetáculo A.M.I.G.A.S.. Mas foi com os infantis “Alice no País das Maravilhas” e “O Pequeno Príncipe”, que obteve elogios da crítica especializada. Atualmente, está em cartaz com o monólogo “Pássaro da Noite”. No cinema, já atuou em sete longas-metragens. Entre eles, estão “Zuzu Angel” (de Sérgio Rezende, 2006), “O Casamento de Romeu e Julieta” (de Bruno Barreto, 2004) e “O Homem que Copiava” (de Jorge Furtado, 2003). Além de “A Mulher Invisível”, Luana estreia este ano “Família Vende Tudo”, de Alan Fresnot, e “Insônia”, de Beto Souza.


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- Como surgiu o convite para trabalhar em “A Mulher Invisível”? E o que te motivou a fazer o filme?

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Na época do lançamento do “Redentor”, eu estava no Baixo Gávea, no Rio de Janeiro, e vi o Claudio Torres num cantinho de um bar observando as pessoas. Fui lá, me apresentei e disse que adorei o filme dele. Surpreendentemente, ele disse que estava escrevendo um filme pra mim. Eu perguntei como ele podia estar escrevendo um filme pra mim e eu não sabia de nada. Tudo o que uma atriz pode querer é ouvir de um diretor uma frase dessas. Três anos depois chegou o roteiro de “A Mulher Invisível” na minha casa. Assim que li, me apaixonei. Eu me diverti muito lendo o roteiro e já imaginando o Selton fazendo aquelas loucuras, contracenando com o nada. Fiquei atraída por vários motivos. Primeiro porque é uma história de amor, o que eu adoro. Contada de uma maneira muito divertida, o que eu também prezo muito. Achei que tinha todos os ingredientes perfeitos.

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- Descreva a Amanda, sua personagem.

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A Amanda é uma mulher que o homem idealizou. Então, não é ciumenta, entende de futebol, é bonita, concorda com quase tudo o que ele diz. É quase uma mulher perfeita. Só que ela não existe. E isso atrapalha um pouco a vida do Pedro. Quando ele se dá conta de tudo, percebe que está louco falando com alguém que não existe no meio da rua. A Amanda começa a lutar para que ele não se conscientize disso e ela não deixe de “viver”. Ela toma gosto em viver pra ele, viver esse amor. E quando ele descobre que a Amanda só existia na cabeça dele, tenta fazer com que ela desapareça de vez. Mas ela diz: “Não, Não. Gostei disso aqui e quero ficar”. E aí não sobra pedra sobre pedra (risos).

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- Como foi o processo de construção da “Amanda”?

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Não foi difícil descobrir como dar as emoções para a Amanda porque ela é uma pessoa que acredita no amor e eu também sou. Esse universo eu conheço bem. Então, eu não demorei muito pra me comunicar com ele.

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- E a caracterização?

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Esse era o grande trabalho que a Amanda dava. Como ela era ideal, eu era milimetricamente cuidada. Tive que colocar aplique no cabelo, unhas postiças. Ficava horas cacheando o cabelo. Eu tenho tatuagem e a personagem não. Ficávamos um tempão cobrindo as tatuagens. Demorava umas 2h15 para eu me transformar nessa mulher ideal. Durante a filmagem, a pele absorvia a maquiagem, o cabelo perdia o efeito. A gente tinha que retocar tudo, toda hora.

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- Como foi trabalhar com o diretor Claudio Torres?

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É muito bacana trabalhar com o Claudio Torres porque ele é um diretor muito aberto. Se você chegar com ideias que vão agregar, ele está super disposto a recebê-las. A gente opinava muito no figurino, na psique das personagens. Ele nos deixava à vontade para improvisar, colocar palavras no texto e criar expressões faciais. Quando você cria amor pelo projeto, você cuida dele como se fosse um filho. Ele escreveu o roteiro pensando em mim. Então, eu ajudei para que esse filme se realizasse ainda melhor. Não cumpri só um trabalho.

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- É verdade que você se envolveu até com a escolha do figurino, da maquiagem?

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Participei quase de tudo. Na época dos ensaios, eu já dava meus pitacos sobre as roupas. Preferia uma cor à outra. Achava que a Amanda tinha de usar roupas mais curtas do que decotadas. Dizia em quais cenas ela deveria estar com mais ou menos maquiagem. Isso tudo é brincar de criar, né? O que é muito bom. Foi muito bacana essa concepção em conjunto. É claro que tudo muito desenhado na cabeça criativa do Claudio, mas com muitas pinceladas de toda a equipe.

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- E o trabalho com os demais atores, como Selton, Vladimir e Maria Manoella? Como era o clima no set?

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Já conhecia Selton, mas nunca tínhamos contracenado juntos. Ele é um ator brilhante e intuitivo. Era muito bom ver o Selton criar. Na cena da banheira, fiquei surpresa com a forma como ele se apresentou. Era um ponto alto do drama do Pedro e eu não achei que o Selton ia dar uma interpretação tão emocionada. Foi muito bom porque criou uma cumplicidade no sentimento de compaixão para com o personagem que a principio a Amanda não teria. Eu e Maria Manoella nos enamoramos. Ela é uma mulher batalhadora, que gosta de viajar. Então, nos identificamos e viramos amigas. O Vladimir eu já conhecia de alguns trabalhos na Rede Globo. Ele é super divertido e adora fazer uma galhofa. Foi um convívio leve e divertido. Os bastidores eram sempre às gargalhadas. Sinto saudade daquela convivência.

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- Fale um pouquinho das participações especiais.

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Não contracenei com todos os atores, mas curti muito a participação da Danni Carlos. Quando soube que ela estava fazendo teste, torci muito para que fosse escolhida.

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- Qual foi o seu principal desafio durante as filmagens?

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Tinha o desafio de estar exposta fisicamente. Fiz cenas usando cinta-liga no meio de homens executivos. Na cena da boate, eu estava com um vestido curtíssimo girando e dançando na frente de todo mundo. Mas eu fui muito bem cuidada pelo Claudio Torres e estava me sentindo à vontade com os meus colegas de trabalho. Então, foi tranquilo.

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- O que a Luana tem de Amanda?

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O fato de acreditar no amor e essa coisa meio gueixa. É claro que ela tem essa característica numa potência 10 e eu numa potência 4. Eu sou muito assim. Quando estou apaixonada, me dedico ao amor. Eu também curto futebol, mas não entendo de futebol como a Amanda.

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- Como você vê esta sua representação de mulher ideal no imaginário do público?

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Que homem não quer uma mulher que seja compreensiva quando ele toma um porre e fica com duas outras mulheres? Que homem não quer chegar em casa e discutir futebol com a mulher? Então, desse ponto de vista, ela é ideal. Só que como toda a mulher quando contrariada, dá trabalho. Agora não me vejo como uma mulher perfeita porque acho que todo mundo tem espelho em casa e se olha. E não é só em relação à imagem. Internamente, a gente sabe que não é perfeito em nada. Mas sou muito feliz com a minha imagem. Acho que é também por causa dela que estou nesse filme. Cinema faz tudo, né? No cinema, nosso cabelo é maravilhoso. A pessoa acorda linda. A Amanda é perfeita fisicamente, mas tinha uma equipe de 40 pessoas pra me produzir. Na vida real é outra história. Não existe perfeição em nada, nem em ninguém.

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- Tem alguma cena que gostaria de destacar?

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É muito bom quando você tem orgulho da história que está contando. É muito bom fazer um personagem que dá o colorido a alguém que tem uma vida cinza. Tem uma cena em que eu não falo quase nada, mas que me diz muito. É quando o Pedro desmaia e a Amanda serve canja pra ele. A Amanda é como um sopro de esperança, um raio de luz na vida de alguém que estava vivendo na escuridão.

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- Você se sente à vontade fazendo comédia?

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Na comédia, não basta ter talento. Tem que ter o tom e uma rapidez na interpretação pra não perder a piada. É muito bom porque você trabalha e se diverte. A gente tinha que se controlar pra não rir no set. Muitas vezes, a gente não conseguia e ria mesmo.

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- O que o público pode esperar de “A Mulher Invisível”?

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Eu acho que as pessoas vão se divertir muito e, ao mesmo tempo, vão molhar os olhos. Quem nunca se sentiu sozinho cercado de gente? Acho que esse tema vai falar com o pedacinho solitário de todo mundo.

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Por Luciana Rodrigues

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