Estreias do final de semana
Pessoal, esse final de semana traz grandes estreias nas telonas, confira as críticas sobre os filmes, trailers e imagens! Só precisa escolher o longa, marca e se divertir! Boa sessão!

[EUA, 2009]
Gênero: drama
Elenco: Amy Adams, Meryl Streep, Chris Messina
Crítica por: Janaina Pereira
Na tela, Julie & Julia intercala a vida real de duas mulheres que, apesar de separadas pelo tempo e pelo espaço, estão ambas perdidas, até descobrirem que com a combinação certa de paixão, coragem e manteiga, tudo é possível. Mas o simpático filme vai além disso. O que temos ali são três mulheres vivendo momentos plenos: a diretora Nora Ephron (Sintonia de Amor) e as atrizes Meryl Streep e Amy Adams conseguem transformar o longa em algo além do trivial.
Nora dirige Streep no papel de Julia Child, uma americana que se mudou para Paris em 1948, onde estudou na famosa escola Le Cordon Bleu e começou a aprender a cozinhar entre renomados chefs franceses. Sua maior contribuição para a culinária norte-americana foi ter traduzido clássicos da gastronomia francesa para o inglês, deixando as receitas interessantes e práticas.
Em 1961, Julia publicou o best-seller Mastering the Art of French Cooking, que foi uma chave importante para o grande interesse que os americanos começaram a ter pela cultura francesa. De volta aos Estados Unidos, ela virou celebridade, apresentando programas de TV até a década de 1990.
E a Julie do título? Bom, aí entra a parte romântica, marca da diretora. A Julie é uma garota dos tempos atuais que resolve fazer as 524 receitas do livro da Julia Child em 365 dias e contar tudo no blog The Julie / Julia Project. Nora consegue intercalar a história das duas mulheres com habilidade, dando ao expectador a chance de conhecer não apenas aquelas que fizeram da gastronomia o ponto alto de suas vidas, mas as mulheres que, ao mesmo tempo em que descobriam os segredos da culinária, descobriam a si mesmas.
O filme é redondo, com roteiro enxuto, e possibilita admirarmos a versatilidade de Nora como roteirista e diretora, além de sua particular sensibilidade para contar histórias femininas. Uma trama bem resolvida e divertida, e um prato cheio para Meryl, que mostra mais uma vez porque é a melhor atriz americana da atualidade.
Com voz de desenho animado, exatamente como a verdadeira Julia, Meryl Streep encarna com perfeição um dos ícones da TV americana. Amy Adams brilha em suas cenas de desespero na cozinha mas, no combate com Meryl, sai perdendo. Nada que tire seu brilho ou o charme do filme, que até inspira os mais desastrados a aprender a cozinhar.
Julie & Julia é perfeito para assistir depois de uma bela refeição. Antes, não, porque certamente você vai ficar com fome.
Trailer:

[A Perfect Getaway EUA, 2009]
Gênero: horror
Elenco: Milla Jovovich, Steve Zahn, Timothy Olyphant
Crítica por: Victor Piacenti
Eu sempre fui fã da Milla Jovovich e por mais que eu tivesse lido que seus filmes não eram bons, eu os adorava. Porém, esse não foi o caso... Em minha opinião, é um dos filmes mais chatos que ela já fez.
Tente pensar em um filme que não acontece nada, absolutamente nada. A história do filme, até que é intessante, porém o diretor não sabe explorar o texto que tem. ‘’Casal de férias em uma ilha, começa a desconfiar que um outro casal que conheceram durante um trilha, são assassinos em série’’.
E bota desconfiar nesse rolo todo... O filme quase que inteiro é somente isso, Steve Zahn e Milla Jovovich desconfiados de Timothy Olyphant e Kiele Sachez.
Além de ser parado e chato, A Trilha tem um dos "final surpresa" mais ridículos do cinema moderno, pois a sensação que dá, é que o diretor está rindo da nossa cara.
Resumindo: Esse é mais um dos casos que o trailer é melhor que o filme, e mais um filme descartável que vai ser facilmente esquecido por todos que o assistiram. Com exceção das atrizes principais e da excelente fotografia, não tem nada de bom.
Trailer:

[Brasil, 2009]
Gênero: documentário
Crítica por: Edu Fernandes
Documentário sobre Henning Boilesen, presidente da Ultragás que ajudou financeiramente o regime militar no Brasil.
Os horrores cometidos pelos militares durante a ditadura já foi muito explorado pelo cinema brasileiro nesses 25 anos de redemocratização. De forma mais dramática (Zuzu Angel) e até mais inocente (O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias) o tema não chega a ser novidade nas telas.
O documentário Cidadão Boilesen consegue escapar da mesmice por abordar uma vertente esquecida da questão. O regime totalitário seria impraticável e insustentável sem a ajuda da elite, que atualmente não apoia militares. Um desses financiadores da ditadura foi a dinamarquês naturalizado brasileiro Henning Boilesen.
Um dos maiores méritos do filme é de tratar de um assunto tão sério sem ser entediante e ainda com atrativos sonoros e visuais. Infelizmente sabe-se que essa postura ainda é minoritária, com a infeliz ideia que seriedade não pode ser enfeitada. (Fica o recado para a visualmente hedionda coleção de livros Debates)
A pesquisa para o longa foi muito bem realizada, com matérias de jornais, cenas de filmes ficcionais sobre o assunto e até o contato com documentos confidenciais. As fotos de arquivo ganham animação, mas acabam ficando um tanto repetitivas mais para o final. No lado auditivo, a trilha musical animada não deixa a peteca cair.
Outra característica importante de Cidadão Bolesen é dar voz aos vários lados da questão, com pontos de vista muitas vezes conflitantes entre os depoimentos. O filho de Henning, revolucionários esquerdistas da época, políticos atuais e até militares reformados contam suas histórias.
Esse documentário é uma obra ímpar, que não deixa que a memória de nossa História seja deteriorada.
Trailer:

[Brasil, 2009]
Gênero: drama
Elenco: Rafael Cardoso, João Gabriel Vasconcellos, Júlia Lemmertz
Crítica por: Marcelo Hessel
Mesmo que você chegue a uma sessão de Do Começo ao Fim sem saber que se trata da história de um relacionamento gay entre meio-irmãos, não leva muito para descobrir.
No dia em que Thomás nasce, acompanhamos a espera de seu irmão seis anos mais velho, Francisco, numa sala do hospital. O menino fala de livre-arbítrio, de escolhas que se fazem no simples ato de abrir os olhos para o mundo. Corta para os dois, uns sete anos depois, falando sobre pássaros: "Nunca vou deixar que prendam a gente numa gaiola". Thomás e Francisco sequer descobriram sua sexualidade e já dominam o discurso contra o preconceito.
Essas primeiras cenas dizem muito sobre a maneira como o diretor e roteirista Aluizio Abranches escolheu trabalhar o tema: na defensiva, como se tivesse que justificar a todo momento a escolha "polêmica" que fez (polêmica, entre aspas, porque não é a primeira vez que amores incestuosos ou gays ganham as telas, e certamente não é a mais explícita), e politicamente, colocando a bandeira do movimento à frente do drama a dois.
Então Do Começo ao Fim tenta se equilibrar no meio dessa não-questão: como retratar os homossexuais para um público que, sabendo do filme a que vai assistir, já os encara com naturalidade? Abranches toma decisões que deveriam somar, mas se anulam: quer mostrar um amor gay com naturalismo (Thomás e Francisco fazendo a barba juntos) mas também com solenidade (a cena da primeira transa), quer falar do tema sem pudor (o texto reto de Cartas de um Sedutor de Hilda Hilst) mas concebe toda a estética ao redor de Thomás e Francisco com higiene, como se fosse um comercial de margarina.
A evidência mais contundente de que Abranches se acha na urgência de sempre justificar a escolha que fez está no anti-clímax do filme, quando a orientação sexual de um dos personagens é colocada à prova. O simples fato de insinuar que a homossexualidade se valida porque o cara tentou e não conseguiu ser hétero já implode todo o discurso politicamente correto que o filme vinha martelando antes.
Considerando que Abranches não filmava há sete anos, dá pra fechar os olhos para os deslizes mais imediatos (a literalidade dos diálogos, o retrato estereotipado do argentino machão). Problemática mesmo é a sua aproximação do objeto: homens se tocando "para a câmera", o sexo tratado como uma vitrine e não como uma intimidade, a cafonice da luz do sol que banha corpos como se fosse necessária uma permissão divina (a permissão da mãe?) para Thomás e Francisco se amarem.
Não está já na hora de tratar o tema sem todas essas mistificações?
Trailer:
Por Luciana Rodrigues
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