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La Jetée é um clássico de 1962 de Chris Marker que inspirou, décadas depois de sua grande repercussão no mundo midiátrico, o filme de Terry Gilliam: Os Doze Macacos. O curta-metragem francês parece não obedecer ao significado da origem do cinema. A palavra "cinematógrafo" é uma tradução para a técnica de projetar fotogramas de forma que sua sucessão crie movimentos contínuos, no caso, são os filmes mais comuns na indústria do audiovisual. La Jetée segue a linha da fotomontagem, em que a técnica usada é uma manipulação de fotos que resultam num significado autêntico, narrado em um encadeamento de fotos P&B numa seqüência que, com a música e os efeitos sonoros de fundo, com a profundidade e técnica fotográfica, a ficção científica passa a ser falada pela emoção.

O fotograma, em português significa "na varanda", relata uma história futurista que se passa numa suposta pós Guerra Nuclear, na qual Davos Hanich, o protagonista, é um prisioneiro submisso a várias experiências de viagens no tempo. "O Homem", os personagens não são nomeados, é cobaia de um estudo para se descobrir o futuro do ser humano e achar uma saída para que esta espécie não seja extinta. Em suas viagens ao período pré-guerra, o protagonista vive uma história que vai crescendo a partir do momento que ele encontra "A Mulher", Hélène Chatelain, e começam a viver um relacionamento mais intenso de acordo com suas idas e vindas no tempo. Em uma determinada parte estratégica do filme, que parece ser uma despedida misturada ao melancólico e ao alívio, "A Mulher" é retratada com fotos de seqüência mais aceleradas, dando uma idéia de movimento ininterrupto, a única "piscadela" que se tem durante todo o documentário.

Usando das vivências do "Homem", "O Experimentador" aproveita para tentar levar sua cobaia ao futuro para desvendar não só o destino de seu experimento, mas para entender o enredo de uma nova sociedade, de uma civilização renascida, em uma Paris recuperada além das proteções à radioatividade. La Jetée é um curta narrado em 26 minutos que põe em questão não só as guerras passadas, mas as futuras desventuras do egoísmo humano.